A ventilação mecânica é um dos temas mais críticos e amplamente discutidos na medicina, principalmente entre aqueles que atuam em emergências, UTIs e outros ambientes hospitalares. Embora essencial, o conhecimento sobre o tema muitas vezes não é abordado de forma suficiente durante a graduação em medicina. Este post visa trazer uma análise aprofundada e prática sobre ventilação mecânica, com dicas e orientações valiosas para estudantes, recém-formados e profissionais que buscam se aprofundar no tema.
O Que É Ventilação Mecânica?
A ventilação mecânica consiste em substituir ou auxiliar a função pulmonar de pacientes incapazes de manter uma troca gasosa adequada de forma espontânea. Isso pode ser necessário em situações de hipoxemia severa, hipercapnia, fadiga respiratória ou rebaixamento de consciência.
Indicações para Intubação e Ventilação Mecânica
Quando indicar a intubação?
- Pacientes com desconforto respiratório grave que não tolerarão as próximas horas.
- Hipoxemia ou hipercapnia refratárias a tratamentos não invasivos.
- Rebaixamento do nível de consciência que comprometa a proteção da via aérea (ex.: Glasgow menor que 8).
Fatores a considerar:
- Avalie a possibilidade de reversão rápida da causa subjacente antes de optar pela intubação.
- Entenda que a decisão de intubar nem sempre segue valores absolutos; é essencial considerar o quadro clínico como um todo.
Ajustes Iniciais do Ventilador Mecânico
Ao ajustar um ventilador, é importante entender os princípios básicos:
- Parâmetros para oxigenação: FIO2 (fração inspirada de oxigênio) e PEEP (pressão positiva ao final da expiração).
- Parâmetros para ventilação: Volume corrente, frequência respiratória e tempo inspiratório.
- Ajustes personalizados: Cada paciente é único. Não use “receitas de bolo” para todos os casos. Avalie a causa da insuficiência respiratória e adapte os parâmetros conforme a resposta clínica.
Exemplo de ajustes iniciais comuns:
- Volume corrente: 6 ml/kg do peso ideal.
- PEEP: 5-10 cmH2O (ajustar conforme a resposta hemodinâmica e oxigenação).
- FIO2: Começar em 100% e reduzir conforme a saturação estabilizar.
Ventilação Protetora e Evitação de Complicações
A ventilação mecânica pode causar lesões pulmonares adicionais. Por isso, a ventilação protetora deve ser aplicada sempre que possível:
- Ventilação com baixos volumes correntes (4-6 ml/kg de peso predito).
- Atenção ao “Driving Pressure”: Manter a pressão de platô abaixo de 30 cmH2O.
- Hipercapnia permissiva: Evitar hiperventilação que possa causar mais lesões.
Cuidado especial com pacientes com SARA:
- Adote uma ventilação mais restritiva.
- Utilize sedativos se necessário para evitar movimentos contra a ventilação mecânica.
A Importância de Minimizar a Sedacão
Mitos: Todo paciente em ventilação mecânica deve estar profundamente sedado.
Realidade:
- Sedar excessivamente atrasa o desmame da ventilação, aumenta o risco de complicações como delirium e fraqueza muscular adquirida na UTI.
- Sedativos devem ser usados apenas em casos específicos, como neuroproteção, choque ou ventilação restritiva na SARA.
A meta é manter o paciente o mais acordado e cooperativo possível, utilizando analgesia adequada e sedativos leves apenas quando necessário.
Planejando o Desmame e a Extubação
Quando iniciar o desmame:
- Causa da insuficiência respiratória controlada.
- Paciente apresenta força muscular adequada e está hemodinamicamente estável.
Extubação bem-sucedida:
- Planeje o uso de ventilação não invasiva no pós-extubação para pacientes de alto risco.
- Realize fisioterapia respiratória para evitar broncoaspiração e otimizar a capacidade funcional.
Erros Comuns e Como Evitá-los
- FIO2 excessivamente alta: Reduza para valores mais baixos tão logo seja seguro para evitar lesão pulmonar por oxigênio.
- Uso indiscriminado de “receitas de bolo”: Ajuste os parâmetros com base nas necessidades individuais.
- Sedacão desnecessária: Evite sedar pacientes que poderiam estar confortáveis sem ela.
- Terceirização das decisões: Assuma a responsabilidade pelo ajuste e cuidado com o ventilador.
A Importância da Humanização na Ventilação Mecânica
A presença da família e a humanização do cuidado têm impactos positivos:
- Redução de delirium e tempo de internação.
- Melhor adesão ao tratamento pelo paciente.
- Benefícios psicológicos para o paciente e seus familiares.
Envolver a família no processo de cuidado pode ser desafiador.
Conclusão
A ventilação mecânica é um tema denso e desafiador, mas dominá-lo é essencial para qualquer profissional da saúde que atua em ambientes críticos. Combinando prática, estudo constante e uma abordagem centrada no paciente, é possível oferecer cuidados seguros e eficazes.
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