A pancreatite aguda é uma condição grave que pode se manifestar de forma leve a moderada na maioria dos casos. No entanto, aproximadamente 10% dos casos evoluem para formas severas, necessitando de monitorização intensiva na UTI. Neste artigo, exploraremos 10 dicas práticas baseadas em um artigo recente da Intensificare para o manejo eficaz da pancreatite aguda em pacientes de UTI.
Identificação de Pacientes com Potencial para Agravamento
Pacientes com formas graves de pancreatite geralmente apresentam sinais de Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS) logo no primeiro dia. É crucial identificar esses pacientes rapidamente para um manejo adequado.
Encaminhamento para UTI
Pacientes com sinais de disfunção orgânica, como falência cardiovascular ou respiratória, devem ser encaminhados imediatamente para a UTI. A mortalidade de pancreatite com necrose infectada é alta, exigindo cuidados invasivos intensivos.
Diagnóstico da Etiologia
Identificar a causa da pancreatite é essencial. As pancreatites podem ser causadas por doenças das vias biliares, abuso de álcool, hipercalcemia e hipertrigliceridemia. Em alguns casos, a etiologia pode permanecer desconhecida, mas a investigação é importante para o tratamento direcionado.
Exame de Imagem
Realizar tomografia de abdômen após alguns dias do início do tratamento ajuda a visualizar complicações como necrose infectada. Este exame é vital para avaliar a resposta ao tratamento e identificar possíveis complicações.
Medição da Pressão Intra-Abdominal
A pressão intra-abdominal deve ser monitorada regularmente, especialmente se estiver acima de 20 mmHg. Pressões elevadas podem indicar a necessidade de intervenções específicas, como limitar a infusão de líquidos ou estimular a diurese.
Expansão Volêmica
Manter a volemia adequada é fundamental. A reposição de fluidos deve ser feita com soluções balanceadas sempre que possível. Evitar tanto a hipovolemia quanto a sobrecarga volêmica é crucial para o manejo eficaz da pancreatite.
Realização Precoce de CPRE
Na suspeita ou evidência de colangite, a CPRE deve ser realizada precocemente para desobstruir a via biliar. Isso pode reduzir significativamente a mortalidade associada à colangite em pacientes com pancreatite.
Alimentação Precoce
Iniciar a dieta enteral o mais cedo possível é recomendado. Estudos mostram que a nutrição parenteral pode aumentar a mortalidade. A maioria dos pacientes tolera a dieta enteral dentro de 72 horas.
Uso de Antibióticos
Não há evidências de que o uso profilático de antibióticos previna a necrose infectada. No entanto, em casos de infecção comprovada, o tratamento antibiótico deve ser iniciado imediatamente.
Tomografia Contrastada para Diagnóstico de Necrose Infectada
Se houver suspeita de necrose infectada, uma tomografia com contraste deve ser realizada, independentemente da função renal do paciente. O diagnóstico preciso é vital para a decisão da abordagem de drenagem, que pode ser realizada de forma menos invasiva, como via endoscópica.
Conclusão
O manejo da pancreatite aguda em pacientes de UTI exige uma abordagem multidisciplinar e vigilância contínua. A implementação dessas 10 dicas práticas pode melhorar significativamente os desfechos dos pacientes. Lembre-se de monitorar constantemente e ajustar o tratamento conforme a evolução clínica do paciente.
Fluxograma de Manejo
- Avaliação Inicial:
- Identificar sinais de gravidade.
- Encaminhar para UTI se houver disfunção orgânica.
- Diagnóstico da Etiologia:
- Investigação de vias biliares e abuso de álcool.
- Considerar hipercalcemia e hipertrigliceridemia.
- Exames de Imagem:
- Realizar tomografia de abdômen para avaliação de complicações.
- Medição da Pressão Intra-Abdominal:
- Monitorar e tomar medidas conforme necessário.
- Tratamento Volêmico:
- Manter equilíbrio volêmico evitando hipovolemia e sobrecarga volêmica.
- Iniciar vasopressores se necessário.
- CPRE Precoce:
- Realizar na suspeita ou confirmação de colangite.
- Nutrição Enteral:
- Iniciar o mais cedo possível, evitando nutrição parenteral.
- Antibióticos:
- Não usar profilaticamente, mas tratar infecções comprovadas.
- Tomografia Contrastada:
- Realizar para diagnóstico de necrose infectada.
Seguir essas diretrizes pode ajudar a garantir um tratamento mais eficaz e melhorar os resultados para pacientes com pancreatite aguda grave.
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